5 dicas para diferenciar doença de Parkinson de Tremor Essencial

Quando uma pessoa começa com tremores, existem muitos diagnósticos possíveis. Duas dessas causas, muito comuns na população, são a doença de Parkinson e o Tremor Essencial. O diagnóstico correto é fundamental, e o primeiro passo no caminho para a melhora do tremor, uma vez que diferentes tipos de tremores têm diferentes tratamentos. Se o diagnóstico estiver errado, o tratamento também será dado de forma errada, e a pessoa não vai melhorar.

Existem algumas pistas clínicas que nos ajudam a diferenciar essas duas condições. Abaixo listei cinco dessas dicas, mas deixo claro que o diagnóstico final deve ser sempre feito por Médico(a) Neurologista, de preferência especialista em Distúrbios do Movimento.

1. Momento em que o tremor aparece: Na doença de Parkinson, o tremor aparece principalmente no repouso, ou seja, quando o membro afetado está repousado sobre alguma superfície e sem fazer qualquer movimento. Um exemplo clássico é o tremor aparecer nas mãos quando o paciente está distraído, assistindo TV, e com as mãos repousadas no colo. Pessoas com Parkinson podem ter também tremor na postura, quando aquele membro afetado está sendo mantido parado contra a ação da gravidade, embora esse tipo de tremor seja menos visto. Já no Tremor Essencial, o tremor aparece predominantemente durante o movimento. Às vezes pode também aparecer na postura, mas esse tremor de postura costuma ter uma amplitude menor que o tremor que aparece durante a ação. O exemplo clássico é o paciente tremer quando vai tomar uma xícara de café, sendo que o tremor tende a aumentar quando está chegando perto do alvo (por exemplo, quando a xícara está chegando próximo aos lábios). Uma dica importante é que, no Tremor Essencial, o tremor é fora de fase entre os dois lados do corpo, portanto, caso a pessoa segure a xícara com as duas mãos ao invés de só uma, o tremor tende e melhorar um pouco.

2. Sintomas motores associados: tremor não é o único sintoma visto em pessoas com doença de Parkinson. Existem muitos outros sintomas. A bradicinesia (lentidão de movimentos) está presente todas as pessoas com Parkinson (inclusive é um sintoma mandatório para o diagnóstico de doença de Parkinson). Além disso, também pode haver rigidez das articulações e instabilidade postural, levando a quedas. Não vemos nenhum desses sintomas em pessoas com Tremor Essencial, portanto, a presença de algum desses sintomas nos ajuda a diferenciar doença de Parkinson de Tremor Essencial. Se quiser entender melhor sobre os sintomas motores da doença de Parkinson, clique aqui.

3. Sintomas não-motores associados: Além dos sintomas motores descritos acima, pessoas com doença de Parkinson também apresentam sintomas não-motores, ou seja, que não influenciam diretamente o movimento. Exemplos de sintomas não motores na doença de Parkinson são: dor, diminuição de olfato, prisão de ventre, queda de pressão ao levantar-se (levando a tontura), dificuldade de segurar urina, disfunção sexual em homens, depressão, ansiedade, sono agitado, dentre outras. Via de regra, pacientes com doença de Parkinson terão pelo menos 1 sintoma não-motor após 5 anos do início da doença. Assim como os sintomas motores descritos acima, sintomas não-motores não costumam estar presentes em pessoas com Tremor Essencial. Todavia, como os sintomas não-motores descritos aqui não são exclusivos de pessoas com doença de Parkinson (por exemplo, dor é um sintoma comum na população), não é impossível que alguém com Tremor Essencial tenha alguns desses sintomas. Se quiser entender melhor sobre os sintomas não-motores da doença de Parkinson, clique aqui.

4. Resposta às medicações: as medicações utilizadas no tratamento da doença de Parkinson, como levodopa, pramipexol, rasagilina, amantadina, entre outras, não melhoram o tremor de pessoas com Tremor Essencial. Por mais que isso pareça óbvio, essa dita “falha terapêutica” pode nos ajudar a fazer o diagnóstico em casos mais difíceis. Todavia, alguns cuidados são necessários: na doença de Parkinson, o tremor é o sintoma motor que exige maiores doses de medicações para melhorar; portanto, só porque o paciente não melhorou com uma quantidade pequena de medicações, isso não significa necessariamente que ele não tenha doença de Parkinson. Outro cuidado é que o contrário às vezes não é verdadeiro, ou seja, pessoas com doença de Parkinson às vezes podem observar uma pequena melhora do tremor com medicações utilizadas para tratar o Tremor Essencial, como o propranolol.

5. Exames complementares: Para casos em que exista muita dúvida entre as duas doenças, lançamos mãos de alguns exames complementares específicos, que podem nos ajudar a diferenciar doença de Parkinson e Tremor Essencial. Esses exames são o SPECT com TRODAT (normal no Tremor Essencial e alterado (“hipodopaminérgico) na doença de Parkinson) ou a Ressonância Magnética de Encéfalo com pesquisa do nigrossomo-1 (presente no Tremor Essencial e ausente na doença de Parkinson) ou neuromelanina (presente no Tremor Essencial e ausente na doença de Parkinson)

Apesar dessas dicas para diferenciar Tremor Essencial e doença de Parkinson, alguns casos são mais difíceis de diagnosticar do que outros. Por isso, todos os pacientes com tremor devem ser idealmente avaliados por Médico(a) Neurologista especialista em Distúrbios do Movimento.

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Até a próxima!

Artigo escrito pela Dra. Carina França