Como é feito o tratamento da distonia?

A distonia é um sintoma neurológico que pode causar muito sofrimento para o paciente, quer seja porque há uma dificuldade muito grande de movimento, quer seja porque há dor, ou por causar embaraço social.

Pensando nisso, existem atualmente muitos tratamentos disponíveis para ajudar pacientes com distonia. Antes de qualquer tratamento, é importante tentar descobrir a causa exata da distonia, pois muitas doenças neurológicas podem ser responsáveis por esse sintoma, algumas delas até mesmo com potencial de cura. 

O primeiro passo no tratamento das distonias é identificar se não há alguma medicação causando a distonia. Muitas medicações podem causar distonia, incluindo os anti-psicóticos ou neurolépticos como haloperidol, olanzapina, risperidona, aripiprazol, entre outros.

Existem, por outro lado, medicações que podem nos ajudar a tratar a distonia:

Anticolinérgicos: Biperideno e Triexifenidil

Benzodiazepínicos: Clonazepam, Diazepam

Bloqueadores da liberação de dopamina: Tertrabenazina, Deutetrabenazina (não disponível no Brasil)

Precursores de dopamina: Levodopa

Agonistas gabaérgicos: Baclofeno

Apesar de muitas medicações disponíveis para o tratamento da distonia, a melhora provocada não costuma ser tão expressiva, e muitos pacientes tem seu uso limitado pelo surgimento de efeitos colaterais.

Para distonias focais, ou seja, que só acometem uma parte do corpo, o tratamento padrão-ouro é a aplicação de Toxina botulínica, muito conhecida como Botox (embora existam outras ótimas marcas, como Dysport, Xeomin, Prosigne, etc). A toxina botulínica consegue aliviar a distonia por causar um enfraquecimento muscular controlado. Pode causar como efeito colateral o enfraquecimento de músculos indesejados. Quando feita por profissional habilitado, esse efeito colateral tende a ser muito raro – e, principalmente, é um efeito temporário e totalmente reversível! São exemplos de distonias focais que costumam ter ótima resposta após aplicação de toxina botulínica: Blefarospasmo, Espasmo hemifacial, Distonia Cervical, Síndrome de Meige, entre muitas outras. 

Já no caso das distonias generalizadas, ou seja, que acometem a maior parte do corpo (principalmente o tronco), a toxina botulínica sozinha não consegue promover uma melhora tão importante. Isso acontece porque, para ter seu efeito, a toxina botulínica precisa ser injetada no músculo afetado. Quando é uma distonia que afeta muitos músculos do corpo, fica impossível injetar toxina botulínica em todos eles. 

Para as distonias generalizadas (e em alguns casos de distonias focais que não melhoram com remédios e toxina botulínica), existe a possibilidade de tratamento com a cirurgia de DBS (do inglês Deep Brain Stimulation), também chamada de Estimulação Cerebral Profunda, ou marca-passo cerebral. Para saber mais sobre DBS para distonia, leia a matéria DBS, Estimulação Cerebral Profunda ou marca-passo cerebral pode tratar distonia?

Alguns casos de distonia podem ser mais difíceis de tratar do que outros. O mais importante é que todos as pessoas com distonia tenham acompanhamento médico regular com Neurologista especialista em Distúrbios do Movimento.

Até a próxima!