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Causas da doença de Parkinson: o ambiente pode impactar?

O que se sabe sobre as causas da doença de Parkinson? Entenda o impacto dos fatores ambientais nisso

Fatores ambientais podem, sim, estar relacionados ao aumento de casos da doença de Parkinson no mundo. (Imagem: Freepik)

A doença de Parkinson é, infelizmente, a doença neurológica que mais cresce no mundo. Um dos questionamentos mais comuns sobre isso é em relação à causa desse aumento que, ainda hoje, é inconclusiva. O que se sabe, no entanto, é que a combinação de vários fatores pode contribuir para o desenvolvimento da doença. Até mesmo a poluição do ar já foi implicada como possível fator causador da doença de Parkinson. Entenda, neste texto, as causas da doença de Parkinson e como os fatores ambientais estão ligados a ela.

Qual é a causa da doença de Parkinson?

Muitos falam sobre causas genéticas. Outros comentam sobre os fatores ambientais. Mas a verdade é que essa é uma resposta que ainda não temos. O mais aceito, atualmente, é que a doença de Parkinson não tem uma única causa, e sim múltiplas causas que atuam combinadamente.

Em 2024, dois estudos publicados na Journal of Parkinson’s Disease (periódico científico sobre Doença de Parkinson) reforçaram essa visão: um apontava que os fatores genéticos eram os principais responsáveis, enquanto o outro apontava os fatores ambientais.

A conclusão disso é justamente a combinação desses fatores. Em quase todos os casos, a doença surge da interação entre genética e ambiente.

Veja também: 5 sintomas da doença de Parkinson que são pouco conhecidos

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A causa da doença de Parkinson ainda é um mistério, mas a combinação de fatores genéticos e ambientais pode ajudar a impulsionar os casos. (Imagem: Freepik/ipopba)

Como os fatores ambientais estão relacionados à doença de Parkinson?

Os fatores genéticos são características herdadas e, por isso, não conseguimos alterá-las ou evitá-las. Mas, quando falamos de fatores ambientais, eles, sim, acabam ganhando mais destaque, porque podem ser modificados. Isso significa que podem ser prevenidos ou melhorados, diminuindo, com isso, a probabilidade do desenvolvimento da doença.

Entre os fatores ambientais que estão mais associados à condição neurodegenerativa, temos:

1. Exposição a pesticidas e herbicidas

Defensivos agrícolas estão fortemente ligados à doença de Parkinson, em especial os produtos como Paraquat e Rotenone. É claro que o risco é maior para quem trabalha diretamente com a aplicação desses produtos na lavoura, mas quem consome alimentos contaminados também acaba se expondo à essas substâncias.

2. Exposição a neurotoxinas

Na década de 1980, um grupo de jovens desenvolveu um quadro irreversível de parkinsonismo após consumir heroína sintética contaminada com MPTP, uma substância altamente tóxica às células responsáveis pela produção de dopamina no cérebro.

Esse episódio deu origem aos chamados Frozen Addicts (“viciados congelados” em tradução livre), fazendo referência à rigidez motora causada pela doença de Parkinson.

Hoje, o MPTP é usado em estudos com modelos animais para ser possível compreender melhor a doença e até mesmo criar novos tratamentos.

3. Infecções virais

Em relação aos vírus, já existem vários que possuem relação com a doença de Parkinson, como o vírus do Nilo Ocidental, o Epstein-Barr, o da encefalite japonesa, da gripe (influenza), HIV e até mesmo o da COVID-19. Todos esses têm sido apontados como potenciais gatilhos.

Entretanto, nesses casos, há a dificuldade em comprovar o vírus como a causa da doença, uma vez que os sintomas podem demorar décadas para aparecer após a infecção.

4. Poluição do ar

A qualidade do ar que respiramos também está correlacionada com a doença de Parkinson. Embora ainda haja dúvidas sobre quais poluentes são os mais críticos, esse é um campo em processo de investigação, principalmente porque muitas pessoas moram em grandes cidades, sendo expostas, constantemente, a essa poluição.

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Ainda há dúvidas sobre os poluentes mais críticos para a doença de Parkinson; esse é um campo ainda em investigação. (Imagem: Freepik/EyeEm)

5. Traumatismos cranianos repetitivos

A repetição de traumas na cabeça, como ocorre em esportes de contato ou acidentes frequentes, também está associada ao aumento do risco da doença. Vale reforçar que aqui falo de traumatismos repetitivos e não um único traumatismo, e que, quanto mais grave é o traumatismo, maior o aumento do risco.

6. Envelhecimento

Por fim, temos a idade avançada, mais um fator que não pode ser alterado e que acaba aumentando as chances da pessoa desenvolver a doença de Parkinson.

Atenção: lembre-se da combinação de fatores

Você pode até questionar: “Mas conheço uma pessoa que trabalhou anos com agrotóxicos e não teve Parkinson”. Ou: “Também sei de uma pessoa que teve vários traumas na cabeça e também não teve doença de Parkinson”.

Lembre-se o que citei lá no começo: não basta um único fator. São vários fatores combinados em pessoas predispostas que podem desencadear a doença.

O que fazer, então, para frear o seu avanço?

Pensando nos fatores ambientais, algumas medidas importantes podem ajudar a diminuir o risco de novos casos de doença de Parkinson, como: 

  • Reduzir o uso de pesticidas, especialmente os sabidamente mais perigosos, como o Paraquat.
  • Melhorar a qualidade do ar, participando de políticas públicas e colocando em prática ações individuais.
  • Vacinar-se contra doenças virais, sempre que houver vacinas disponíveis.
  • Cobrar políticas públicas voltadas à saúde ambiental e eleger representantes comprometidos com essa causa.

A doença de Parkinson é uma condição complexa que envolve diversas causas. No entanto, com informação, prevenção e políticas públicas, é possível diminuir o seu avanço.

E por falar em informação, não se esqueça de compartilhar esse texto com mais pessoas que precisam desse conhecimento.

Em vídeo: Cuidar do meio ambiente também é uma forma de prevenir a doença de Parkinson

Leia também: A doença de Parkinson tem cura?

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