A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum do mundo, afetando mais de 6 milhões de pessoas. É causada pela diminuição na produção de uma substância chamada dopamina, que é utilizada na comunicação entre os neurônios. É a diminuição da dopamina que causa os principais sintomas da doença de Parkinson.
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Todavia, o que muitas pessoas não sabem é que existem algumas medicações que bloqueiam a ação da dopamina. Bloquear a atuação dessa substância que está em falta no cérebro das pessoas com doença de Parkinson não parece uma boa ideia, não é verdade? Aliás, isso é verdade até mesmo para quem tem outras formas de parkinsonismo.
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Nos casos de pessoas com doença de Parkinson e outros parkinsonismos, o uso de tais medicações pode piorar sintomas como bradicinesia (lentidão de movimentos), rigidez das articulações e tremor.
Além de serem potencialmente prejudiciais para pessoas com doença de Parkinson e outros parkinsonismos, algumas dessas medicações podem também causar parkinsonismo em pessoas saudáveis, principalmente nos idosos e nas pessoas que usam as medicações por muito tempo. Lembrando que “parkinsonismo” significa bradicinesia (lentidão de movimentos) + rigidez das articulações e/ou tremor de repouso, e não é exclusivo da doença de Parkinson. Temos até um nome para isso: Parkinsonismo medicamentoso. Em alguns casos, ao suspender a medicação “culpada”, os sintomas podem regredir. Todavia, em outros casos menos afortunados, os sintomas não regridem e podem até progredir (piorar!).
Claro que, em alguns casos, médicos podem optar por usar tais medicações ao se pesar a relação risco/benefício. Em tais casos, os potenciais riscos sempre deve ser discutido com o paciente. O maior problema aqui, na verdade, é a auto-medicação. Algumas dessas medicações podem ser compradas sem receita médica, o que é um grande perigo!
Mas, afinal de contas, quais são essas medicações que pessoas com doença de Parkinson e outros parkinsonismos devem evitar?
- Antipsicóticos: são medicações usadas para problemas psiquiátricos como Esquizofrenia, Transtorno Afetivo Bipolar, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, ansiedade, depressão, etc. São eles:
- Haloperidol (conhecido como Haldol)
- Clorpromazina (conhecido como Amplictil) – esse costuma ser mais usado para melhorar crises de soluço e de enxaqueca
- Levomepromazina
- Olanzapina
- Risperidona
- Ziprazidona
- Aripiprazol
Na prática, quase todos os antipsicóticos, idependente de serem mais antigos ou mais novos, podem causar parkinsonismo. As duas únicas exceções são a Clozapina e a Quetiapina (apenas em doses menores do que 200mg/dia)
- Bloqueadores dos canais de cálcio: aqui está o maior perigo! Essa classe de medicações é muito utilizada para tontura e não precisa de receita médica para ser comprada. É uma medicação “popular”, muito indicada por balconistas de farmácia ou vizinhos e amigos bem intencionados. São eles:
- Flunarizina (conhecida como Vertix)
- Cinarizina (conhecida como Stugeron)
- Metoclopramida (conhecida como Plasil): utilizada para enjôos e vômitos
- Prometazina (conhecida como Fenergan): utilizada para quadros alérgicos, ou para sedação
- Anticolinérgicos: aqui temos uma classe de medicações cujo risco não está no bloqueio da dopamina. São medicações muito usadas no tratamento do tremor, inclusive do tremor de pessoas com doença de Parkinson. Apesar de terem um ótimo efeito sobre o tremor, o perigo dessas medicações está na tendência de causarem piora de cognição (memória) a médio e longo prazo, e no risco de desencadearem alucinações, principalmente naqueles pacientes que já tem algum declínio cognitivo. Por essas razões, dificilmente são medicações prescritas por neurologistas especialistas aos pacientes com doença de Parkinson. São eles:
- Biperideno (conhecido como Akineton)
- Triexifenidil (conhecido como Artane)
Portanto, evite a auto-medicação, principalmente se você tem doença de Parkinson ou outros Parkinsonismos. Além disso, faça consultas médicas regulares com neurologista especialista em doença de Parkinson e distúrbios do movimento.
Texto escrito pela Dra. Carina França em 24 de Abril de 2022