Coréia é um movimento involuntário em que há contrações musculares breves, irregulares, aleatórias, arrítmicas, e que passam de um músculo para o outro. Quem observa a pessoa com coréia pode achar que ela está dançando (a palavra “coréia”, alias, vem do grego “dança”).
A coréia pode afetar apenas uma parte do corpo (como a face), metade do corpo (chamada de hemicoréia), ou o corpo inteiro.
Os sintomas vistos em pessoas com coréia são variáveis, e envolvem:
- Movimentos involuntários semelhantes a uma dança, que geralmente pioram quando a pessoa está ansiosa ou nervosa
- Sinal da ordenha: durante um aperto de mão, em vez de ficar com a mão parada, a pessoa faz movimentos involuntários semelhantes a uma ordenha
- Sinal da Língua Pegadora de Moscas: ao pedir para a pessoa colocar a língua para fora, a língua não fica parada, mas fica entrando e saindo da boca
- Fala arrastada
Para o diagnóstico correto, em primeiro lugar, o paciente deve ser avaliado por Neurologista especialista em Distúrbio do Movimento. Através da fenomenologia do movimento, a Neurologista é capaz de dizer se aquele movimento involuntário realmente é uma coréia. Nem sempre essa distinção é fácil, podendo haver dúvidas se, ao invés de ser uma coréia, aquele movimento não é uma distonia, mioclonia ou tremor.
Uma vez confirmado que o movimento é de fato coréia, é importante entender qual a causa. Existem muitas causas possíveis de coréia, e, apenas observando que a pessoa tem uma coréia, é impossível saber a causa. Para entender o que causa a coréia de um paciente específico, é fundamental entender como começou a coréia, qual a região do corpo afetada, se há história familiar (familiares com o mesmo problema), se há algum outro sintoma associado, como a coréia está se comportando ao longo do tempo, entre outros detalhes. Também fundamental é o exame neurológico feito por Neurologista especialista em Distúrbios do Movimento. Todas essas etapas são realizadas em consulta médica. Após, a depender das informações coletadas em consulta, é a hora de realizar exames complementares, que são muito variáveis de caso a caso. Portanto, se foi solicitado um exame complementar para investigar uma pessoa com coréia, não necessariamente os mesmos exames serão solicitados para outra pessoa.
Alguns dos exames que podem ser solicitados para investigar coréia são:
- Exames de imagem: Tomografia Computadorizada de Crânio ou, preferencialmente, Ressonância Magnética de Encéfalo
- Testes de sangue, urina e líquido cefalorraquidiano
- Estudos de condução dos nervos (Eletroneuromiografia)
- Avaliação cognitiva ou neuropsicológica
- Exames genéticos
Com a investigação completa, a Neurologista pode ser capaz de dar o diagnóstico preciso da causa de coréia. Todavia, alguns casos são mais difíceis de diagnosticar que outros. Causas possíveis de coréia são:
- Doenças genéticas: Doença de Huntington, Huntington-like, Coréia Familiar Benigna
- Gravidez
- Acidente Vascular Encefálico, conhecido como “AVC”, “AVE”, ou “derrame”
- Doenças auto-imunes: Coréia de Sydenham, Lúpus, Esclerose Múltipla, sarcoidose, Síndrome de Sjögren, Doença de Behçet
- Alterações metabólicas: Hipertireoidismo, Hiperglicemia, Hiperparatireoidismo
- Doenças do sangue: Policitemia Vera
- Doenças infecciosas: toxoplasmose, Lyme, HIV, sífilis, doença de Creutzfeld-Jakob
- Medicações e Toxinas: Levodopa, antidepressivos, anticonvulsivantes, cocaína, anfetaminas, anticoncepcionais e remédios antipsicóticos, entre outras
O tratamento da coréia depende muito da sua causa. Coréias de causas metabólicas, autoimunes ou infecciosas podem melhorar muito e até resolver com o tratamento da causa. Coréias após Acidente Vascular Encefálico podem melhorar com o passar do tempo e com reabilitação (Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, entre outras). A coréia na doença de Huntington é progressiva e, até o momento, não há cura, mas muitas estratégias de tratamento envolvendo remédios e medicações podem ser usadas para melhorar os sintomas e a qualidade de vida da pessoa com Huntington.
Se você ou algum familiar tem coréia, marque uma consulta com Neurologista especialista em Distúrbios do Movimento
Texto escrito pela Dra Carina França
Fonte: Cleveland Clinic
