Distonia é um sintoma causado pela contração involuntária de um músculo e, ao mesmo tempo, também do músculo que faz o efeito oposto a ele. Por exemplo: contração do músculo que estica o braço ao mesmo tempo em que o músculo que dobra o braço está contraído. Com isso, a pessoa não consegue movimentar normalmente aquela parte do corpo afetada. Chamamos isso de co-contração agonista-antagonista. Como consequência, pode haver uma postura anormal (como se os dois músculos estivessem fazendo uma “queda de braço”), tremores, e até dor!
Quando a distonia é o único sintoma da doença, chamamos de distonia isolada. Quando existem outros sintomas associados, chamamos de distonias combinadas, ou mistas. As distonias também podem ser chamadas de focais, quando afetam só uma parte do corpo, ou generalizadas, quando afetam o corpo inteiro, principalmente o tronco. As distonias focais às vezes podem acometer só uma parte do rosto do paciente, como é o caso do Blefarospasmo (fechamento involuntário e repetitivo dos olhos), Espasmo hemifacial (contrações involuntárias dos músculos de só um lado do rosto), ou da Síndrome de Meige (contração involuntária de toda a face).
Existe ainda um tipo de distonia que aparece apenas quando a pessoa faz algum movimento específico, chamada de distonia tarefa-específica. Ela pode aparecer, por exemplo, na mão de uma pessoa só quando ela tenta usar essa mão para escrever, podendo nesses casos também ser chamada de cãibra do escrivão. Ainda pode acontecer também em músicos experientes apenas quando eles tocam um instrumento específico (distonia do músico).
Muitas doenças neurológicas podem causar distonias. Desde causas genéticas até causas acidentais ou neurodegenerativas. Traumatismos cranianos graves e paralisia cerebral são exemplos de causas acidentais, ou adquiridas, de distonia. Algumas doenças neurodegenerativas como doença de Parkinson, doença de Alzheimer, Atrofia de Múltiplos Sistemas, Degeneração Corticobasal e Paralisia Supranuclear Progressiva também podem causar distonia, embora esse não seja o principal sintoma. As distonias também podem acontecer em doenças por acúmulo de metais, como a doença de Wilson e a Neurodegeneração Associada à Pantotenato Quinase (PKAN, anteriormente conhecida como Doença De Hallervorden-Spatz). Até algumas medicações, como os antipsicóticos ou neurolépticos (haloperidol, risperidona, olanzapina, aripiprazol, entre outros), podem causar distonias graves, chamadas de Distonia Tardia. Por ter tantas causas possíveis, antes de começar qualquer tratamento, é importantíssimo que o paciente seja avaliado por neurologista habilitado, principalmente a fim de excluir causas tratáveis.
O tratamento pode ser feito com algumas medicações por via oral, embora a resposta não costume ser muito boa. O tratamento padrão-ouro para distonias focais atualmente é a Toxina Botulínica (muito conhecida pela marca Botox, embora existam outras ótimas marcas). Para mais informações, leia a matéria Como é feito o tratamento da distonia?. Outra opção de tratamento, especialmente útil para distonias generalizadas, é a cirurgia de DBS (do inglês Deep Brain Stimulation), também conhecida como Estimulação Cerebral Profunda, ou marca-passo cerebral. Essa cirurgia é mais conhecida para doença de Parkinson, mas tem ótimos resultados dependendo da causa da distonia. Distonias genéticas, em especial a DYT-1 (por mutação no gene TOR1A), respondem muito bem à DBS, assim como as Distonias Tardias (para mais informações, leia a matéria DBS, Estimulação Cerebral Profunda ou marca-passo cerebral pode tratar distonia?
Distonias podem ser uma grande fonte de sofrimento para as pessoas, quer seja por perda de função, por dor, ou por causar situações sociais embaraçosas. Por isso, devem ser sempre tratadas por neurologista especialista em Distúrbios do Movimento.
Até a próxima!