ON e OFF na doença de Parkinson: o que significam esses períodos?

O ON e o OFF estão associados à quantidade de dopamina no cérebro do paciente; entenda os detalhes e como identificá-los

médico segurando a mão de um paciente idoso
A identificação do período correto é essencial para a comunicação com o neurologista e a escolha de um tratamento adequado. (Imagem: Reprodução/Freepik)

Muitos pacientes e familiares sabem da existência dos períodos ON e OFF na doença de Parkinson, mas poucos entendem o que representam. No entanto, para entrar numa explicação aprofundada sobre cada um, é preciso compreender a doença como um todo.

O que explica a doença de Parkinson é a produção e o armazenamento insuficientes de dopamina. Essa é uma molécula utilizada na comunicação entre os neurônios, por isso, também é chamada de neurotransmissor.

As vias dopaminérgicas são caminhos específicos no sistema nervoso que usam a dopamina como principal neurotransmissor, sendo responsáveis por várias funções cerebrais.

Então, quando a quantidade de dopamina é insuficiente na pessoa, essas vias dopaminérgicas não funcionam direito, surgindo, então, os sintomas da Doença de Parkinson.

E também é essa quantidade de dopamina no paciente que representa se ele está no período ON ou OFF da doença.

Os períodos ON e OFF do Parkinson

A baixa quantidade de dopamina, ou dopamina insuficiente, representa o período OFF do paciente, também chamado de estado hipodopaminérgico.

É nesse momento da doença que surgem os sintomas mais famosos, que são: lentidão dos movimentos, rigidez das articulações, tremor de repouso, micrografia (que é a caligrafia que vai ficando pequena), falta de expressão facial, e até mesmo sintomas não motores como dor, fadiga, ansiedade e depressão. 

Por outro lado, quando o paciente está com dopamina o suficiente em seu sistema nervoso, dizemos que ele está no período ON, ou seja, quando o medicamento está fazendo efeito e os sintomas não são mais tão presentes.

Mas como saber quando é um período ON e quando é um período OFF?

Existem alguns sintomas que são mais característicos em um período do que em outro, e saber identificá-los faz total diferença, pois ajuda na comunicação com o neurologista e contribui para o sucesso de um tratamento adequado. Vejamos alguns exemplos:

Dor

A dor pode ser um potencial sintoma de OFF, mas nem toda dor que um paciente com doença de Parkinson sente representa esse período. Já sabemos que pessoas com Parkinson têm uma maior tendência a ter dor, mas, claro, nem toda dor é diretamente causada pela doença em si.

A forma mais fácil de identificar se é uma dor diretamente relacionada à doença de Parkinson ou não é observando se essa dor alivia, mesmo que parcialmente, quando o paciente toma as medicações para a doença, principalmente a levodopa, ou se alivia quando o(a) neurologista aumenta as doses da medicação ao longo do dia. 

Se o alívio realmente acontecer, essa, provavelmente, é uma dor de OFF e a otimização do tratamento da doença de Parkinson vai automaticamente melhorá-la. Caso não haja qualquer melhora da dor com o aumento das medicações dopaminérgicas, então essa é uma dor que deve ter outra causa e precisa ser melhor investigada.

Imagem com um homem idoso, sentado em frente à janela com um copo de água em uma mão e medicamentos na outra.
A medicação tem papel importante na identificação do período ON e OFF. (Imagem: Reprodução / Freepik)

Discinesias

Outro sintoma em que esse conhecimento de ON e OFF ajuda muito são as discinesias – movimentos involuntários que parecem uma dança e que podem acometer uma parte pequena do corpo ou até mesmo ele todo.

Quando essas discinesias parecem uma dança, elas estão mais associadas ao período ON da doença, não por dopamina na quantidade certa, mas em excesso.  

Isso acontece porque os neurônios dopaminérgicos, que são aqueles que produzem a dopamina, não só fabricam essa substância, mas também são capazes de armazená-la.

Com a evolução da doença de Parkinson, a quantidade de neurônios dopaminérgicos no cérebro do paciente vai diminuindo, então, a capacidade de armazenamento de dopamina também reduz, junto com a capacidade de produção. 

Assim, quando o paciente toma a dopamina em forma de remédio, esses neurônios que sobraram conseguem utilizá-la para se comunicar, mas não conseguem mais armazená-la de uma forma boa. Isso gera excesso que estimula esses neurônios mais do que deveria, causando, então, as discinesias. 

No entanto, em alguns pacientes, pode haver uma dança idêntica no período OFF da doença, pela falta de dopamina. Nesse caso, para saber de qual período é essa discinesia, é preciso observar se ela fica mais pronunciada quando a próxima dose de levodopa está perto. Isso já indica que essa talvez seja uma discinesia de OFF e não de ON.

Prestar atenção em como os sintomas se comportam ao longo do dia, seja qual sintoma for, principalmente se eles têm alguma relação com as tomadas de levodopa ao longo do dia, ajudam muito tanto o paciente quanto o neurologista a determinar se é um sintoma de ON ou de OFF.

Congelamento de marcha

O congelamento de marcha, ou “freezing” de marcha, é um sintoma no qual, quando o paciente vai tentar dar um primeiro passo, fazer uma curva ou passar por um espaço apertado, os pés parecem que travam no chão, como se ele estivesse marchando no mesmo lugar.

Esse é um sintoma que, no início da doença de Parkinson, está muito relacionado ao período OFF. Mas com a evolução da doença, o congelamento pode começar a aparecer até mesmo nos períodos de ON. 

Quando esse sintoma é característico do período OFF, o aumento das medicações vai melhorá-lo ou até mesmo eliminá-lo. Agora, se for um congelamento de ON, quer dizer que o problema maior no cérebro daquele paciente não é mais só relacionado à dopamina, mas também envolve outros neurotransmissores. Nesse caso, o aumento das medicações de Parkinson provavelmente não vai resolver o problema, e precisaremos de soluções adicionais.

Outro ponto importante: se for um congelamento de marcha de ON, a cirurgia de DBS provavelmente não vai melhorar esse sintoma. Enquanto que, se for um de OFF, a cirurgia de DBS pode ser benéfica.

Os períodos ON e OFF tem cura?

Até o momento, não temos uma cura disponível para a doença de Parkinson, mas temos muitas opções de tratamento que podem melhorar a qualidade de vida da pessoa com a doença . E esses tratamentos podem ser feitos utilizando medicações que, por mecanismos de ações diferentes, aumentam a dopamina.

Além disso, outras formas de aumentar a dopamina no cérebro são a prática regular e segura de exercícios físicos e até mesmo da cirurgia de DBS, dependendo de cada caso.

Em vídeo: O que quer dizer On e Off na Doença de Parkinson?

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