Doença de Parkinson e saúde mental andam lado a lado no processo de recuperação; entenda como deve ser esse cuidado com pacientes e cuidadores

Setembro é o mês dedicado à prevenção do suicídio e valorização da vida, por isso, é impossível não falar sobre a relação entre doença de Parkinson e saúde mental. Neste texto, eu vou abordar mais sobre o impacto emocional do diagnóstico dessa condição, somado às alterações neurológicas da doença, visando reforçar a necessidade de olhar com mais atenção para esse aspecto tão importante da saúde tanto do paciente quanto do cuidador.
Vamos lá?
O impacto do diagnóstico da doença de Parkinson na saúde mental
A primeira coisa que precisamos pensar ao relacionar Parkinson e saúde mental é o diagnóstico. Receber a notícia de que se tem a doença nunca é fácil. Mesmo sabendo que a condição tem tratamento e que não é o fim da linha, o choque inicial pode ser grande.
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Esse momento costuma ser acompanhado por um processo de luto, uma vez que a pessoa passa a se despedir da imagem que tinha de si mesma para aprender a lidar com uma nova realidade. É um tempo necessário que precisa ser respeitado, sem cobranças ou “falsas” afirmações de que tudo ficará bem. O diagnóstico é um processo e, entendê-lo, também é.
Outro fator que precisa ser mencionado e que afeta a saúde mental dos pacientes com Parkinson é a segurança no diagnóstico. Se o paciente não confia no médico ou não recebe explicações claras, as dúvidas em relação ao diagnóstico aumentam. E essa incerteza atrasa o processo de aceitação e aumenta ainda mais a ansiedade.
Por isso, diante de uma situação assim, em que há insegurança, buscar uma segunda opinião com um neurologista especialista é o caminho mais recomendável.
Ansiedade e depressão podem aumentar na doença de Parkinson
Falei primeiramente sobre o impacto do diagnóstico. Mas a relação entre Parkinson e saúde mental vai além disso. Estudos evidenciam que pessoas com a doença têm maior risco de desenvolver ansiedade e depressão, muitas vezes até antes dos primeiros sintomas motores.
Embora nem todos os pacientes apresentem esses sintomas, é essencial que sejam avaliados regularmente. Isso porque a saúde mental é muito poderosa e pode impactar, diretamente:
- os sintomas motores, já que podem se agravar em momentos de tensão, preocupação ou tristeza.
- a adesão ao tratamento, uma vez que a depressão e a ansiedade dificultam seguir a rotina de medicamentos e reabilitação.
Como cuidar da saúde mental do paciente com doença Parkinson?
Existem alguns cuidados que podem contribuir para manter a saúde mental do paciente e, consequentemente, melhorar alguns sintomas da própria doença de Parkinson. São eles:
Acompanhamento psicológico
O acompanhamento psicológico é essencial desde o diagnóstico. O psicólogo ajuda o paciente a lidar com o processo de aceitação e a atravessar as fases mais difíceis. Por isso, essa é a minha primeira dica para o cuidado da saúde mental de uma pessoa com doença de Parkinson.

Exercício físico
Além de auxiliar nos sintomas motores, o exercício físico é um tratamento comprovado contra ansiedade e depressão. O ideal é escolher uma atividade que traga prazer ao paciente, aumentando as chances de mantê-la a longo prazo.
Rede de apoio e amizades
Bons amigos e novas conexões são fundamentais para combater o isolamento e fortalecer o bem-estar emocional durante a condição. O companheirismo é tão importante quanto o tratamento médico.
Acompanhamento médico de qualidade
A minha última dica é contar com um médico com ampla experiência em Parkinson, para o paciente receber informações confiáveis e, principalmente, um tratamento individualizado.
Além disso, um bom neurologista especialista na doença terá um olhar mais atento para a saúde mental do paciente e vai, inclusive, indicar tratamentos e medicamentos quando for necessário.
A saúde mental dos cuidadores também importa
Falei bastante sobre ter um olhar especial para a saúde mental de quem convive com doença de Parkinson, mas não podemos esquecer da saúde mental de quem cuida.
Com o avanço da condição, muitos pacientes precisarão de apoio em diferentes níveis e, durante esse processo, o cuidador, seja ele um familiar, amigo ou profissional contratado, também precisa cuidar de si.
Sem momentos de descanso, apoio e autocuidado, o cuidador corre o risco de se esgotar e não conseguir oferecer o suporte necessário, impactando a saúde do paciente. Por isso, sempre reforço a necessidade de o cuidador se manter bem e saudável no processo de recuperação de alguém com Parkinson.
Em vídeo: Dicas para cuidar da saúde mental de pessoas com Parkinson e de seus cuidadores
E você, já conhecia essa relação entre Parkinson e saúde mental? Deixe suas dúvidas ou comentários!