Dois estudos de abril de 2025 trouxeram uma nova perspectiva sobre o tratamento da doença de Parkinson com células-tronco

A doença de Parkinson é a segunda condição neurodegenerativa mais comum no mundo. Ainda hoje, não há cura para a doença, apesar de a busca continuar constantemente, envolvendo inúmeras frentes da ciência. Uma linha muito estudada nos últimos anos tem sido o uso de células-tronco, que são capazes de se transformar em outros tipos de células. Entenda o que a ciência diz sobre o tratamento da doença de Parkinson com células-tronco.
Estudos mostram a possibilidade do tratamento da doença de Parkinson com células-tronco
Atualmente, os tratamentos oferecidos para os pacientes com doença de Parkinson buscam reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Por isso, visando encontrar a cura para a doença, muitas pesquisas são feitas todos os anos.
Alguns trabalhos da literatura médica já fizeram testes com o uso de células-tronco em pacientes com doença de Parkinson, mas dificuldades no meio do caminho acabaram atrapalhando os resultados.
Entretanto, recentemente, em abril de 2025, dois estudos novos sobre o assunto foram publicados na renomada revista Nature. Eles trouxeram novas perspectivas sobre o uso de células-tronco no tratamento do Parkinson, principalmente em relação à segurança dessa técnica, o que traz mais esperança para a comunidade médica.
Vamos entender cada um eles abaixo:
1. Estudo nos Estados Unidos e Canadá
Esse primeiro estudo publicado pela revista Nature envolveu 12 pacientes com doença de Parkinson, nove homens e três mulheres com média de 67 anos. Nele, pesquisadores utilizaram células-tronco embrionárias, derivadas de embriões descartados e doados para pesquisa. Essas células foram transformadas em neurônios jovens e implantadas em uma região do cérebro chamada putâmen, diretamente envolvida na doença.
Cada paciente recebeu 18 microinjeções em cada lado do cérebro. Após o procedimento, os pacientes precisaram tomar medicamentos imunossupressores para suprimir o sistema imunológico por 12 meses e evitar a rejeição das células implantadas.
Após os procedimentos, os pacientes foram observados por 18 meses e os resultados constatados foram os seguintes:
- Nenhum efeito colateral grave (como câncer ou sangramento cerebral) foi registrado em nenhum dos 12 pacientes.
- Todos os pacientes apresentaram, em média, uma melhora significativa nos sintomas ao longo de 18 meses a partir de avaliações secundárias.
- Exames de imagem mostraram um aumento da dopamina cerebral, o que sugere que as células implantadas sobreviveram e começaram a produzir essa substância.

2. Estudo japonês
O segundo estudo publicado foi conduzido por um grupo no Japão. Nele, participaram 7 pessoas com a doença de Parkinson e um tipo diferente de célula foi utilizada: as células-tronco pluripotentes, que podem ser retiradas de pessoas adultas. Elas também foram transformadas, com o uso de muita tecnologia, em neurônios jovens e implantadas na região do putâmen no cérebro.
Da mesma forma que o estudo dos Estados Unidos e Canadá, os pacientes receberam medicamentos imunossupressores, mas por 15 meses. O período de avaliação foi de dois anos após a cirurgia, comparando com a situação da doença nos pacientes antes do procedimento.
Nesse período de observação, os resultados observados foram esses:
- Novamente, nenhum evento adverso grave foi detectado.
- Somente alguns pacientes mostraram melhora nos sintomas motores, embora esse não tenha sido o objetivo principal do estudo.
O que podemos concluir a partir desses estudos?
Apesar desses dois estudos serem extremamente relevantes por mostrarem a segurança da técnica, eles são estudos muito pequenos, afinal, estamos falando de avaliações que envolveram 12 e sete pessoas. Por isso, ainda não é possível afirmar, com certeza, se o tratamento é eficaz para todos os pacientes, nem se poderia levar à cura da doença.
Diante desse cenário, é necessário que novos estudos, maiores e mais robustos, sejam realizados, focando, principalmente, na eficácia do tratamento.
Alerta importante aos pacientes!
Com descobertas assim, é comum surgirem ofertas milagrosas e promessas enganosas, principalmente fora dos meios acadêmicos. Por isso, é essencial lembrar que esses procedimentos são extremamente complexos, realizados em universidades com protocolos de pesquisa e comitês de ética. Nada disso pode ser reproduzido em clínicas sem credibilidade ou anunciados com facilidade.
As células-tronco trazem esperança, mas também exigem cautela. A ciência está avançando, e os primeiros passos estão sendo dados com segurança. Em caso de dúvida, sempre procure a orientação do seu médico neurologista.
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